terça-feira, 30 de março de 2010

parada 171 - um pouco de história.

Todos entenderam o porquê de PARIS-PEQUIM - o ônibus que nunca passa.
Mas há uma explicação deste insight:
Quando do AI-5, com o Sr.Erasmo Dias como Secretário de Segurança e o Cel. Riquetti, chefe de polícia, assim como caçavam os ativistas de esquerda também perseguiam os profissionais do sexo, tanto homens como mulheres.
Eles eram abordados nas ruas e presos por "vadiagem" (na época, falta de carteira de trabalho assinada).
Eram espancados, extorquidos, humilhados e muitas vezes presos por longo tempo.
Muitos sumiram das ruas e sempre haverá um mistério sobre o que aconteceu com esta população, pois trabalhavam à margem da luz com nomes e às vezes até documentos fictícios para se esconderem - inclusive de seus familiares Jamais saberemos exatamente o que aconteceu.
Pois bem, homens e mulheres começaram a ficar parados em pontos de ônibus, para se tornarem menos visíveis aos "gambés" - palavra usada na época para determinar policiais que tinham essa conduta repressiva.
Daí: PARIS-PEQUIM, o ônibus que nunca passa, e parada 171, que é um artigo do Direito Penal, de crime de estelionato. (estéilo vem do latim, que significa "camaleão").
Na marginália e na prostituição ainda se usa "esse cara é o maior 171" ou "71", para simplificar.
Ou seja, é o enganador, xexero, mentiroso para proveito próprio ou, ainda, ladrão.
Foi interessante saber que nesta época algumas prostitutas (não sei quantas), obtiveram junto à Justiça, um habeas corpus preventivo, permitindo assim a estas o exercício da profissão, com "salvo conduto".
O hábito de parar em pontos de ônibus já se foi, mas a grande maioria de prostitutos e prostitutas de rua ainda usam as cercanias de pontos de coletivos para fazer o trotoir.
Enquanto isso travestís sofriam bem mais quanto às surras e humilhações e criaram o hábito da automutilação com lâminas ou qualquer objeto perfuro-cortante, pois assim obrigavam o camburão a deixá-los num pronto-socorro público de onde seria mais fácil escapar.

A chamada "vida fácil", nada fácil!

2 comentários:

Leandro disse...

Parabéns pela iniciativa, Marcelo!

Sucesso nessa nova etapa (virtual) de sua luta.

Abraço,

Leandro

Rogerio disse...

Achei essa historia curiosa e muito interesante...
Que tal pensar num livro sobre paris-pequim??

Abração e parabéns meu caro