sexta-feira, 21 de maio de 2010

parada171 - Entre putas & afins, buchada sem bode

Fui com minha amiga Sumara e outras pessoas a Santa Cecília comer Buchada de Bode e Baião de Dois, para lembrar dos tempos em que ela era puta e fazíamos isso com bastante frequência.

Hoje, aos 31 anos, quatro filhos - duas meninas de pai desconhecido e dois meninos de seu namorado michê.
Ganhou uma grana há alguns anos num bingo clandestino e atualmente mora em casa própria na periferia da Grande São Paulo, vivendo de tomar conta dos filhos das mulheres da redondeza que saem para trabalhar.
Ela, como diz, "virou uma senhora de respeito".
Uma mulata bonita de dentes claros e que foi expulsa de casa aos dezessete anos, quando teve a segunda filha.


- Eu era a garota que dava para todo mundo, mas jamais achei que seria expulsa de casa e, além de tudo, que me tornaria uma puta.
Certa vez, já trabalhando como garota de programa, ela chegou a ser raptada de uma boate, sob armamento pesado, para servir de presente a um chefe do tráfico.


Também presente ao almoço Camila, uma negra mãe de três filhos, que o companheiro abandonou. Faz mais avião para clientes do que outra coisa. Quando transa é com espartilho, fazendo um 'gênero', pois sua barriga ficou cheia de estrias.
Camila diz aos filhos que é arrumadeira num hotel do centro da cidade. Não bebe, não fuma, não usa qualquer tipo de droga! E mente um pouco...


Paula Baiana, alta, bonita, peituda - também expulsa de casa, no interior da Bahia, quando pariu aos dezesseis anos. Já foi esfaqueada no abdômen por um namorado traficante. Nem seu salto 10 agulha serviu para se defender como em outras ocasiões!

Beto, garoto franzino, magro, delicado e educado. Já trabalhou desde porteiro até gerente de salão em boate. Sempre de calça preta e camisa social branca.
Sérgio, um auxiliar de almoxarifado de um grande supermercado, namorado do Beto.

E eu.


Conversávamos matando a saudade de antigas noitadas, quando Sérgio, a quem eu ainda não conhecia, falou de suas dificuldades recentes.
Ele tinha aderido a uma Igreja Evangélica e se tornado 'ex-gay', acreditando piamente que seu poder de fé alteraria sua orientação sexual!
Quando frequentador da Igreja foi incentivado, acreditou e se modificou a ponto de casar e ter um filho com uma garota, membro da sua Igreja (consciente da história dele).
Porém nunca se sentiu heterossexual pleno e quando transava com ela imaginava estar com homens, para conseguir maior excitação!
Que situação!
Um homem transando com uma xana pensando numa rola para facilitar a excitação e, como consequência, uma mulher insatisfeita!
Sempre infeliz, conversava com a esposa que, por sua vez, sentia-se culpada achando que não era competente o suficiente como fêmea para 'curar' o seu marido.
Hoje separados, ele ainda se culpa, pois na realidade jamais conseguiu ser hétero.
Detalhe: ela se casou virgem e inexperiente com o tal do Sérgio.


Entre comes e bebes, o assunto girou também em torno da higiene feminina, aborto e métodos contraceptivos - assuntos que postarei no futuro.
E - pasmem! - putas e putos trocam muitas informações sobre lubrificantes!


Independente disso tudo, o almoço com as amigas putas e gays e 'ex-ex-gays' foi ótimo e a Sumara, como sempre, foi capaz de unir pessoas tão díspares e dispostas a trocar experiências.


Ao final chegou uma senhora - ex-puta, ex-traficante, agora artesã que fala de si o tempo todo sem deixar brecha para ninguém... saímos para tomar café num boteco!!!!


Como sempre foi boa a confraternização com o pessoal que trabalha ou trabalhou na baixa prostituição paulistana.


Obs.: os nomes usados aqui foram trocados para preservar a identidade das pessoas.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

parada171 - casamento? gay?!?

Que história é essa da SACROSSANTA MADRE IGREJA confundir "parceria civil entre pessoas de mesmo sexo" com "casamento"?!


Quero crer que nenhum homossexual, a princípio, ache MAIS importante casar de véu e grinalda do que ter direitos civis de vida afetivo-sexual compartilhada, reconhecida legalmente!

Caso queiram uma cerimônia, avisem o Papa! Várias religiões já a fazem, inclusive alguns padres católicos na calada da noite! Sabiam...?

A Igreja precisa cuidar melhor de seu rebanho desamparado, muitos à margem de uma vida digna, e não se meter na orientação sexual dos outros.

Parece-me que a orientação sexual quase nunca é opcional e a fé religiosa o é!

Não vamos deixar confundir a possibilidade de reconhecimento de parceria civil entre pessoas do mesmo sexo (direito civil) com a acusação desta prática ser ou não pecaminosa (direito canônico)!